Para todo fim há um recomeço.

Assim nos é apresentado o episódio “Neither Here Nor There” que gradualmente nos direciona a “respostas que nos levarão a novas perguntas”: onde está Peter? Por que ele foi apagado da linha do tempo? E se foi, por que há fraturas? Esta Season Premiere foi, não só marcada por incógnitas, mas por um retorno satisfatório, caprichado nas doses de ação e instigante na melhor forma “What The Fringe?” de ser.

O público já considera “Neither Here Nor There” um pseudofiller. O episódio não forneceu o número de respostas que gostaríamos, tendo como função introduzir-nos a um mundo igual ao que viemos a comumente conhecer, mais ‘restritamente diferente’ (descrição de Walter). Não me refiro ao universo A, nem mesmo ao B. Mas a ambos os mundo, sem Peter Bishop.

O sentimento de Series Premiere esteve presente a cada segundo deste 4x01. Ao mesmo tempo que o episódio não só se se assemelhou ao Piloto em termos de trama, mas também em ritmo - morno, devo dizer - nos introduziu a Lincoln (personagem fixo da 4ª temporada) ainda nos deixando no escuro em referência aos mistérios.


Fringe consegue ir da água para o vinho e dedicar um episódio inteiro a um universo ou a uma linha temporal, fazendo isso com inúmeros méritos pelo elenco de primeira e roteiro afiado. Nesta Season Premiere o retorno simbolizou mais do que um retorno: um reboot de toda a série. Ao contrário do que pensávamos, a inexistência de Peter parece não ter afetado a guerra entre os universos e tudo continua como era antes, com um único ‘porém’, “o buraco” nas vidas de Olivia e Walter. “Eu sei como é ter um buraco na minha vida, está lá desde quando me lembro”.

Ver o Bishop pai abatido e como diria Astrid: “sem propósito” é desconfortante. Nem mesmo os olhos gentis da Gene foram capazes de fazê-lo esboçar um sorriso. Porém, seus feitos como cientista estão indo além do simples lema: “imaginar as im-possibilidade”. Ele as executa. Como na cena em que dá vida a um pássaro já morto. Logo recordei da primeira vez em que Walter entrou no laboratório e pronunciou tais palavras: “Tantas coisas aconteceram aqui. E tanto ainda está para acontecer.”

O desaparecimento de Peter ainda é ilógico para nós. Se Peter nunca existiu, então para quem a máquina foi projetada? E por que os mundos se encontram unidos se a causa para isto é o seu ato de criar a tal ponte. Por outro lado, se pensarmos que, se os mundos não tivessem sido ligados, ele existiria, mas se ele nunca existiu, eles nunca poderiam possuir tal ligação. É um paradoxo. Impossível de coexistir, portanto, tais mudanças na linha do tempo ocasionaram fraturas e nelas vemos Peter, ‘o homem do espelho’.

A nova realidade também traz os dois mundos – inextricáveis - trabalhando juntos. Afinal este era o propósito de Peter quando criou a ponte “para que pudessem trabalhar juntos, para consertar...”. A solução de uni-los trouxe a incrível dinâmica entre Olivia e Bolivia que tiveram a oportunidade de trocar casos e discutir a troca de calcinhas da temporada anterior. Acho que todos nós esperávamos por dado momento. Em paralelo, as divisões Fringe (do lado A e B) transitam entre os dois universos corrigindo os danos de uma guerra fria, cujo inimigo sempre fora invisível.

Tudo indica que a Massive Dynamic está envolvida e bancando todas as instalações da torre da liberdade, visto o detalhe do símbolo na Máquina dos Mundos e a tecnologia de identificação que o personagem Lincolm teve de passar minutos antes de chegar à ponte entre os mundos e presenciar o dirigível. Eis outra semelhança com o 1x01 “Pilot” onde vemos Nina por a mão no scanner (usado por Lincolm como citei acima) para ter acesso às instalações do prédio.

Fascinados com a facilidade com que o destino corrigiu o incógnito Peter, até os observadores aparentam uma perplexidade que consegue ser tão similar a nossa. Afinal, somos também observadores com seus olhares infantis perante a complexidade dos paradoxos de “Fringe”. A diferença é que eles podem interferir e corrigir o passado, mas parecem ineptos perante as escolhas dos Bishops.

September teve grande foco no episódio, mas foi incapaz de corrigir seu erro a partir de sacrifícios. Posso estar indo além do tema da série quanto às impossibilidades, mas é possível que os observadores tenham sentimentos? Intrigante.


O caso da semana nos remete ao ex-parceiro de Olivia, morto pelo acidente com o vôo 627 com a mesma condição que o parceiro de Lincolm. “Há mais de um deles”. É possível que este caso – não resolvido – seja o próximo padrão visto na 1ª temporada?

Easter Eggs:

Virou tradição. Episódios com novas realidades, linhas do tempo e universos trazem mudanças nas cores e palavras da abertura. E como de costume, nessa estréia abrimos a 4ª temporada com chave ouro em uma abertura amarela. Não foi daltonismo, caso alguém ainda esteja em dúvida. Aliás, este detalhe é completamente coeso com o âmbito de recomeço e união dos universos, além de assemelhar-se com a cor do âmber. Afinal, a cor amarela é a única primária (além do azul e do vermelho) que faltava nas aberturas de “Fringe”. Confira novamente:


A abertura também trouxe novas áreas da ciência de fronteira, substituindo as palavras de todas as outras aberturas já produzidas:

Existence - Existência
Quantum Entanglement Emaranhamento Quântico
Philosopher's Stone – Pedra Filosofal
Psychometry - Psicometria
Viral Therapy – Terapia Viral
Ethereal Plane – Plano Etéreo
Gravitons - Grávitons
Time Paradox – Paradoxo do tempo
Psychogenesis - Psicogênese
Biolocation - Biolocalização
Psychic Surgery – Cirurgia física
Transgenics - Transgênicos

Acredito que a relação das palavras “Paradoxo temporal” e “Existência” está bem claro para nós. Enquanto, “Pedra Filosofal” levou muitos a associarem tal lenda com a saga Harry Potter, porém os livros de J.K Rowling não inventaram tal conceito. Segundo a lenda, era um objeto que poderia aproximar o homem de Deus. Sendo de uso dos alquimistas, ela poderia transmutar qualquer metal inferior em ouro, como também obter o Elixir da Vida. Fica clara a referência com a tentativa de Walter de ressuscitar o pássaro no laboratório.


O Glyphs Code da semana é “APPEAR”, no português “APARIÇÃO”. O código nos remete, claramente, as aparições de Peter em 3 partes do episódio. Confira:


Seria possível que os produtores tenham feito duas referências a William Bell no mesmo episódio? Primeiro, quando o observador entra no restaurante, a câmera mostra o ‘bell’ (sino) tocando com o mesmo som e aparência daquele que William Bell deixou de herança para tomar posse do corpo de Olivia. A segunda possível referência se faz na frase de Walter quando diz a Astrid: "I can hear you perfectly, you are clear as a Bell" (Eu posso ouvi-la perfeitamente, você é clara como um sino).


Em “Neither Here Nor There” tivemos a participação de três dos observadores, nenhum deles escondido, mas como é de costume, eis a imagem:


Na loja onde o observador compra os equipamentos do dispositivo semelhante a uma bomba, há a presença de diversas frases, algumas podem parecer irrelevantes mas possíveis dicas para os próximos episódios. Entre elas: "Pick a Part", "No Reasonable Offer Refused", "Everything on sale" e "Aerials". Veja:


Dois glyphs podem ser visto fora das transições de cenas. Entre eles, a borboleta vista durante a cena fora do armazém com Lincolm e a outra, durante a análise da mão também de Lincolm, quando Olivia e ele deixam a sala e o leitor conclui a leitura. Vejam:


Para concluir, eis as três aparições de Peter, a seguir:



"A linha temporal foi reescrita. Ele foi apagado. E ainda, traços dele parecem vazar através..." Observador.

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