Quando as respostas são tão interessantes quanto as perguntas.

"The End of All Things" é um episódio de dois paralelos: respostas e perguntas. Episódio este que sucede ao dar uma resolução coerente e objetiva ao mistério dos Observadores, ao mesmo tempo que deixa-nos com outras incontáveis questões - nuances da resposta dada pelo mesmo.

Por uma visão mais prática, os observadores são os humanos de um fulturo alternativo. September sintetiza muito bem que a função daquelas pessoas é observar seus começos. O desenvolvimento da sociedade, fatos importantes e vidas essenciais. Vide Peter Bishop, o homem que deu os contornos para uma guerra entre dois universos.

Dito isso, sabe-se também que a importância de Peter, que justifica o seu retorno e sua tão crucial existência, resume-se a algo antes inimaginável: o nascimento de Henry (Glyphs do episódio anterior). O fato da criança nascer pelas vias erradas (lê-se, vagina errada) também pode justificar o reboot da realidade temporal. Toda a alteração na linha do tempo talvez tenha sido uma forma de apagar a versão incorreta de Henry para dar a Peter a oportunidade de consertá-lo com a verdadeira Olivia.

Ademais, o fato de Olivia ter as habilidades paranormais que Bolivia não tem, pode também justificar tamanha exclusividade. Sabemos também que Jones pretende usá-los em detrimento de um plano que teria realizado na primeira temporada caso não houvesse morrido tentando atravessar a fronteira. Plano que iniciou lá atrás, no episódio 1x14 "Ability" (para ser mais preciso), e que vem ganhar enfoque novamente, três temporadas depois, para mostrar o quanto o planejamento de Fringe é ambicioso.


Apesar do monólogo de Peter ao término do episódio, continuo acreditando que estamos diante do lado A desde o início da temporada. Pois, a meu ver, não há uma linha temporal distinta, separada da que a que estamos vendo, para onde Peter acredita que poderá retornar. Acredito que, a cada segundo, estamos vendo o nosso Walter e a nossa Olivia, com a restrita diferença de que não possuem suas memórias devido a alteração da Maquina.

Para parafrasear Asrid, é como uma fita de VHS, onde novas imagens/memórias são gravadas sobrepondo as que anteriormente encontravam-se ali, com a possibilidade de que resquícios daquelas memórias vazem através das recentes. Portanto, a realidade amarela é a nova gravação da fita e a que conhecemos durante as três temporadas anteriores foi ocultada naquele mesmo espaço. Não em outra fita. Apenas ali, sobreposta.

A analogia que os roteiristas buscaram para exemplificar da maneira mais simples possível a alteração da realidade temporal pode ser vista na cena da recuperação das imagens da câmera da sala-de-estar de Olivia. Após um período de 60 minutos, as anteriormente salvas no cartão de memória eram apagadas ao serem sobrepostas pelas novas. Apenas seriam necessários ajustes como maximização de cor e contraste, para que as antigas imagens/memórias retornassem. Esse ajuste em Fringe, nas memórias de Olivia, é o cortexiphan.

Outra analogia usada para exemplificar o ocorrido com a linha temporal é a do Palimpsesto. Pergaminhos gregos cujos textos eram eliminados para permitir a reutilização do papel. Esta prática adotada na Idade Média, fez com que inúmeras obras e documentos importates fossem perdidos com o tempo. Entretanto, ferramentas da tecnologia moderna têm sido capazes de recuperar parte do conteúdo anteriormente apagado. Em Fringe, vemos que uma dessas ferramentas é o cortexiphan, usado para dar a Olivia acesso ao texto original.

Dito isso, tenho em mente que a razão para Peter ter retornado da inexistência, ou melhor, do palimpsesto realizado pela Máquina, tenha sido as habilidades de Olivia. Com as injeções de cortexiphan, habilidades e emoções, ela recuperou parte das antigas memórias. Sendo uma delas o próprio Peter, parte exclusiva do conteúdo original. Isso pode estar relacionado ao fato dele surgir primeiramente para Olivia no episódio "Subject 9"

Portado, é viável dizer que Peter pecou ao considerar nossa Olivia "um ser de outro mundo". É necessário que este entenda que não há lugar para se retornar. O pergaminho/universo é o mesmo, com conteúdos, memórias e sentimentos sobrepostos. O que nos resta saber é como Walter, Peter e Olivia farão para recuperar o conteúdo apagado. Ou se terão de fazer o seu próprio palimpsesto, construindo novas memórias juntos.

Por enquanto, a única certeza que Olivia tem é de que encontra-se completamente sozinha, afastada de Peter e sem o conforto maternal de Nina Sharp, cuja versão original está morta. Ao menos é o que se especula após considerar-se dois fatos: primeiro de que os shapeshifters matam suas vítimas e segundo de que a versão que encontrava-se em cativeiro era a Ninalternativa. Em tese. Concordam?

Easter Eggs:

Em "A Better Human Being" vimos uma pista oculta deste 4x14. Vemos em uma determinada no hospital uma placa que revela as palavras "box springs" que na tradução literal significa "molas box", de colchão. Justamente o que vemos ser usado por Jones como superfíce de contato para eletrocutar Nina:


Foi complicado encontrar os observadores nesta semana. Quase que não consigo encontrá-los à frente daquela pista de patinação, mas enfim.


A produção de Fringe continua fazendo uso das cores Vermelho, azul, amarelo e verde para representar os universos/linhas temporais em objetos. Notem o monitor que figura os batimentos de September, a seguir:


O glyphs code da semana soletra a palavra "UNITE" que no português lê-se "UNIR". Está clara a alusão a união das duas linhas temporais, inclusive as duas memórias de Olivia. Este código também pode referir-se a Peter e Olivia como casal, que supostamente devem se unir para dar à luz a Henry.


Perceba como as mini-lâmpadas têm um formato curioso. São sinos, ou melhor, bells. Seria esta uma referência divertida à William Bell, ou uma pista de que voltaremos a ver o personagem. Veja:


Isso provavelmente não foi intencional, mas, a título de curiosidade, gostaria de destacar a cena a seguir: após a discussão entre Peter e Olivia, uma ambulância de luz vermelha chega ao local ao lado de uma viatura policial cuja sirene é azul e ambas as cores refletem sobre o rosto de Olivia por alguns segundos em tela. Confira:


O objeto usado por Jones para ativar as habilidades de Olivia é o mesmo que vimos em "Ability". Curioso notar que em ambos há a mesma quantidade de lâmpadas, os exatos 47. Número usado na série em referência a "Alias", outra obra de J.J. Abrams.


Até mês que vem, galera!

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