Glee

Aquele em que (quase) todos ficaram nus.

Mesmo tendo um maior apelo ao público feminino (e, porque não, a uma parcela do masculino), "Naked" se mostrou muito mais que um episódio dedicado a sequências shirtless dos homens do New Directions. O episódio vai além e, ao explorar dramas reais, apresentando um conflito concreto sobre a exposição e os riscos da nudez, o torna crível.

Tudo inicia, é claro, com o seguimento natural dos acontecimentos da temporada, que assim como todas as outras, chega àquela fase de "vamos arrecadar dinheiro para as Regionals ou não teremos um ônibus para chegar a competição". A ideia de Tina para solucionar o problema é simples, porém extremamente eficaz: fazer um calendário dedicado as mulheres do McKinley figurando os desejados rapazes do glee club, incluindo Gay Blaine, Boca de Texugo, Dreds Humanos, Rodinhas e Café com Leite.

Com isso, Ryan Murphy parece finalmente realizar seu maior fetiche ao produzir um episódio recheado de closes que expõem mais do que nunca os músculos dos personagens de sua adorada série. O que, de fato, surpreendeu é que o showrunner conseguiu trazer profundidade a toda esta aparente futilidade. E sim, fazendo a nudez ser justificável.

Gostei, em especial, do tratamento dado ao drama de Sam, que assim como qualquer um, se encontra naquela fase da vida em que se sente impotente e sem qualquer esperança de um futuro melhor. Portanto, é perfeitamente natural que o mesmo tenha procurado fazer aquilo em que acredita ser melhor: cuidar do próprio corpo, enquanto procura compensar uma falha equivalente.

Artie é outro grande destaque do episódio. E tenho certeza de que o drama sobre ter vergonha do próprio corpo é algo com que milhões de pessoas a fora se identificam, o que para Ryan Murphy é sinônimo de "trabalho feito", já que tudo o que o roteirista mais clama e procura (em seu reality show, principalmente) são personagens que deem ao público uma parcela de identificação.

Rachel, por sua vez, se vê diante de uma proposta quase que irrecusável para um papel principal em um filme independente, o que exige da mesma cenas frontais de nudez. Tudo bem que, nos dias de hoje, ter os mamilos gravados em vídeo (ou foto) é tão comum quanto ir a padaria, todavia, o alerta feito pelo roteiro é mais do que importante para os jovens que comumente se arriscam a se expor, acreditando que são e sempre serão seres intocáveis.

O maior exemplo do que pode dar errado é o de Santana, que além de ter um sex tape vazada e facilmente encontrada no Google, se tornou um sucesso ainda maior que "2 Girls, 1 Cup" em meio a comunidade lésbica. Isso, todavia, faz seu retorno e o de Quinn serem cruciais para o contexto em que se apresentam no episódio. Em outras palavras, os roteiristas arrumaram uma desculpa muito boa para trazê-las de volta.

Por fim, me sinto na obrigação de elogiar as músicas deste 4x12, que acabam por compor uma das melhores setlists de episódio desta temporada de "Glee". Além disso, a execução de cada número foi excelente, com destaque a "Torn" que traz duas versões contrastantes de Rachel para exemplificar o conflito da personagem e, "This Is The New Year" com sua qualidade diferencial de clipe profissional.

Músicas do episódio:

"Torn" - Natalie Imbruglia: Rachel Berry
"Centerfold" / "Hot in Herre" - The J. Geils Band / Nelly: Sam Evans, Jake Puckerman, Ryder Lynn and Kitty Wilde with Blaine Anderson, Joe Hart and the McKinley High Cheerios
"A Thousand Years, Pt. 2" - Christina Perri feat. Steve Kaze:  Marley Rose and Jake Puckerman
"Let Me Love You (Until You Learn to Love Yourself)" - Ne-Yo:  Jake Puckerman
"Love Song" - Sara Bareilles: Rachel Berry, Quinn Fabray and Santana Lopez
"This Is the New Year" - Ian Axel: New Directions

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