Golem vs. Nazistas
Necromancers!
Foi ótimo ver
como Supernatural incorporou tão cedo o elemento dos Homens de Letras em sua
mitologia. Mas ao mesmo tempo é uma porta nova que se abre que parece ser uma
temporada totalmente diferente. A questão que fica é se o show conseguirá
desenvolver todas as tramas iniciadas até agora, convergindo-as e dando-lhes a
devida conclusão bem-acabada.
É inegável que o
episódio foi muito divertido. Tanto pela história bem escrita e elaborada,
quanto pelos absurdos descuidados que foram motivos de momentos absolutamente
hilários. Pousos shows conseguem como Supernatural fazer um bom drama e não se
levar a sério ao mesmo tempo. A começar pela “batcaverna”, o apelido que Dean
(sempre ele!) dá ao Quartel-General dos Homens de Letras em 1958. Também
tivemos Nazistas (ontem e hoje) e a fantástica presença de John DeSantis como o
Golem. São muitos ótimos elementos com os quais os roteiristas nos
presentearam, e que ainda lhes proporcionarão muitas outras histórias nos
episódios subsequentes. De fato, pode-se dizer agora que, com certeza,
Supernatural ganhou um fôlego novo que tanto estava precisando.
Comecemos pela “batcaverna”.
Foi uma novidade tão bem-vinda que a gente releva todas as partes ridiculamente
impossíveis. Deu para sentir o entusiasmo de Sam entre tantos livros com tantos
segredos. Isso, mais água encanada, roupões confortáveis, luz elétrica,
telégrafo, rádio transmissor, máquina de código, e o “escambau”.
Como eu disse, a
gente releva os absurdos. A começar pelo
prédio. Dean pergunta: “A quanto tempo ninguém vem aqui?” E Sam, na maior
segurança dá um palpite: “50, 60 anos...” Pronto, tá decretado! Como se um
prédio daquele tamanho passasse despercebido em área urbana desde os anos 50.
Certo, sabemos que uma série de encantos protegem o lugar e o tornam
impenetrável a não ser que se use a chave, mas até onde vi, não tinha nenhum
feitiço de invisibilidade ou coisa parecida para camuflar o local.
No interior do
prédio, a coisa fica mais impressionante. Foi só ligar uma chave e... luz
elétrica! Até mesmo Sam fica impressionado e se pergunta como aquilo era
possível. Dean limita-se a dizer que colocará o item luz elétrica na coluna dos
“não quebrados”, sugerindo que eles devem se preocupar, em vez disso, com o que
não funciona.
Quando a luz é
acesa, voilà! (Como diriam os franceses.) Temos um ambiente impecável sem uma
teia de aranha e um grão de poeira. (E se eu não limpo meu apartamento por duas
semanas fica aquele caos e aquela sujeira, vejam só.) Fico pensando que ou a
equipe de limpeza acabou de sair, ou também tem feitiço para isso. Ah, e tem
mais: os Homens de Letras podem ter abandonado o lugar em 1958, mas nem por
isso o local vai deixar de ter uma boa rede wi-fi! Ou talvez o Sam seja um
“hotspot” humano.
Brincadeiras à
parte, essa parece ser uma excelente base de operações para nossos hunters
favoritos, e eles bem que já estavam merecendo. Mas infelizmente, sabemos que
eles não são de criar raízes e alguma tragédia vai destruir aquele lugar.
Assim, é bom aproveitarmos enquanto podemos.
Quanto ao
episódio em si, tivemos a cena de um velho rabino em chamas. E seu incompetente
neto como substituto, tão incompetente que colou durante a escola de hebraico,
nunca prestou atenção ao que o avô dizia e, acreditem, fumou o livro sagrado
com as instruções mágicas para dar vida e controlar o Golem. E depois querem
legalizar a maconha!
De qualquer
modo, a maneira como o neto, Aaron, foi apresentado foi pitoresca, no mínimo.
Ao seguir Dean, este o interpelou, mas Aaron, espertamente, soube como
despistá-lo da maneira que certamente o deixaria mais desconcertado: fingiu um
interesse gay nele. “Desculpe, isso é um assunto... federal”, diz Dean,
tropeçando nas palavras, atrapalhado. “Mas isso não o torna menos
interessante”, refuta Aaron. E Dean não sabe onde enfiar a cara.
Infelizmente
para ele, as atribulações não param por aí. Sam percebe que está sendo seguido
e Dean vai ao seu auxílio. Até aí tudo bem. O problema é que Dean, para seu
azar, surpreende quem segue Dean e este revela-se como ninguém menos que o
Golem! E aí tempos uma memorável cena digna de um desenho animado: o Super
Hunter Voador Dean Winchester!
A propósito,
vocês lembram do episódio passado, com a janela mágica autoconsertante do
Impala? Pois aconteceu de novo! Numa cena, Dean quebra o vidro com o impacto de
seu corpo (e milagrosamente não quebrou nenhum osso aí) e algumas cenas depois,
lá está o Impala intacto. Talvez, como sugere a leitora Luana Amatte, temos
mais um caso de Impala descartável.
Voltando ao
episódio, descobrimos quem jogou Dean longe: o Golem, uma figura mais do que
imponente que, na magia da TV, faz os “baixinhos” Jensen Ackles (1.85m) e Jared
Padalecki (1.93m) parecerem insignificantes. Talvez haja alguma trucagem aí,
mas até que não seria necessário, pois o ator John DeSantis tem 2.06m, embora
parecesse ainda maior. Mas sabemos que com o orçamento raquítico de
Supernatural, nunca sobra dinheiro para maquiagem para monstros convincentes,
então eles têm que compensar com a qualidade do trabalho dos atores mesmo.
Voltando ao
Golem, a relação entre criatura e seu mestre hesitante foi muito interessante. O
Golem, uma criatura, ao contrário do que as lendas dizem, extremamente
articulada e sensível, fica vomitando raivosamente uma cobrança a Arron. Algo
que soa como “Ifalhumbe!” significando “tome conta” ou “tome posse”. Mas Aaron
não faz ideia do que seja e o Golem não explica, gritando furiosamente que não
é o lugar dele ensinar ao professor.
Aaron
visivelmente está encabulado por ser um judeu tão relapso e o episódio
mostra como o incidente serve para despertar seu interesse nas tradições de seu
povo. Mas antes disso, o Golem andava de um lado para outro, impaciente,
destruindo móveis, criticando por ser um péssimo “rabino” e revelando com
amargura seu tempo na Segunda Guerra Mundial em que sua única razão de existir
era esmigalhar nazistas.
No decorrer da
história os Winchesters descobrem uma outra guerra que vai além da Segunda Guerra. Um grupo de rabinos
denominados Iniciativa Judah faz uma resistência (por meios sobrenaturais)
contra a Sociedade Thule, um outro grupo, também secreto, sendo que este deu
suporte à criação do Partido Nazista. E, como se não bastasse, os nazistas da
Sociedade Thule praticaram experimentos mágicos nos prisioneiros de guerra,
tentando fazer com que eles voltassem á vida. E conseguiram! E agora estão
atrás do livro com os registros dos membros ressuscitados.
Parece um pouco (bastante)
improvável que em oito temporadas nunca se tivesse ouvido falar de nenhum
desses grupos, mas isso é uma das coisas nas quais a gente não deve perder
muito tempo pensando. O fato é que Garth pesquisou e nada encontrou, chegando a
pensar que se tratasse de uma “Tool Society”, ou seja, uma Sociedade de
Ferramentas.
No final os
mocinhos vencem, mas fica o aviso de que eles podiam matar aqueles membros da
Thule, mas não poderiam matar a todos. Pelo menos o jovem Aaron descobre como
tomar posse do Golem, pois o comandante nazista imortal, após desativar a fera
de barro, fez a gentileza de explicar direitinho antes de morrer. Por que será
que vilões explicam detalhes vitais de seus planos quando pensam que já
venceram, apenas para serem mortos em seguida e o mocinho ganhar uma
considerável vantagem contra os vilões sobreviventes? Mais um daqueles
mistérios sobrenaturais.
E, assim, Aaron
e o Golem formam a nova Iniciativa Judah, enquanto que Sam estuda para ser um
Home de Letras “de facto”, com a aprovação do irmão Dean. Tudo ao som da música
dos anos 40.
E aí? Que novas
possibilidades se abrem com esses novos elementos de trama? Quanto tempo os
Winchesters manterão a “batcaverna”? Como o Golem poderia aparecer em novas
histórias? E como os anjos como Naomi e Castiel se encaixariam nesse novo contexto? E o que você está achando da seleção musical dos últimos episódios?
Pérolas
de diálogo:
Dean: “Então o que você está dizendo é que… uh…
você e eu… nós... não tivemos um lance?”
Aaron: “Não, cara. Eu estava só vigiando você.”
Aaron: “Não, cara. Eu estava só vigiando você.”
Dean: “Sam, eu disse que estava sendo seguido. Ele
foi meu lance gay.”
Aaron: “Alguns dias depois que meu avô morreu, essa
grande caixa aparece no meu apartamento. Ele sempre disse que eu saberia o que
fazer, o que era conversa fiada. Porque quando eu abri a tal caixa, esse grande
lunático nu com cara de batata acorda e enlouquece!”
(Golem zangado quebra
a mesinha)
Aaron: “Hey! Isso é alugado. Alugado!”
Dean: “Agora sabemos. Papel derrota Golem. E fogo
derrota zumbis grotescos nazistas mortos-vivos.”
Aaron (vendo Sam
esquentar as mãos no fogo do corpo do nazista morto): “Esses caras são uns psicopatas.”
Dica
musical de Sam Winchester:
On the Sunny Side of the Street, de Frankie Laine (1949)
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