Sam, Dean e Henry (Vovô) Winchester: Homens de Letras



O episódio começa com um inocente John Winchester tendo em sua cama em uma casa na cidade de Normal, Illinois, e aí na se pode deixar de reparar na ironia, que logo John Winchester tenha crescido num lugar chamado “Normal”. Bem, John foi posto para dormir por seu pai relapso, pois afinal quem é que sai na noite e deixa uma criança sozinha, e, em vez de uma babá, só deixa uma droga de caixinha de música tocando As Time Goes By? Mas isso são outros quinhentos, como dizia minha avó em 1958...


De qualquer modo, estávamos falando de viagens no tempo. Só que dessa vez foi diferente. Foi um (ilustre) viajante do tempo que veio do passado ao encontro os irmãos Winchester, numa chegada digna do Exterminador do Futuro. E, assim, ficamos conhecendo o vovô de Sam e Dean que não era um f.d.p., embora John tenha crescido pensando que ele fosse.

E nesse caso nem podemos culpar a vida tortuosa dos hunters. Afinal, Henry não é um deles. É, na verdade, um sofisticado Homem de Letras, e ficamos constatando que Sam e Dean também deveriam sê-lo e as circunstâncias roubaram (pelo nosso ponto de vista, felizmente) dos irmãos seu legado de Homens de Letras. Assim, eles tiveram que aprender a combater monstros da maneira mais legal mesmo, na marra, na porrada, do jeito que gostamos.


Pois bem, o episódio foi uma tocante história sobre legados. Teve também o motivo pelo qual Henry viajou no tempo: para escapar de Abbadon, uma espécie de superdemônia que nada consegue matá-la.

Aliás, agora que penso no assunto, por que Henry viajou no tempo mesmo? Com a mortífera Abbadon no seu encalço, Henry usou um feitiço de sangue que, como tal, buscava sangue, levando-o até o futuro, onde estaria seu filho adulto, John. Mas por que fazer isso? Ao sair de seu tempo, Abbadon teria todo o tempo do mundo para causar mais e mais destruição contra todos os Homens de Letras restantes. Teria feito mais sentido se ele tivesse ido ao passado, e aí poderia evitar o ataque de Abbadon e... Ai, sei lá... Viagem no tempo e seus constantes paradoxos fazem minha cabeça doer.


De qualquer maneira, foi bom que Henry tivesse vindo até nosso tempo. Só que com um inconveniente: Abbadon o segue e traz a destruição até o século XXI. Afinal, tudo o que ela quer é uma misteriosa caixa com o símbolo da Estrela Aquariana da qual Henry nada sabe. E como Abbadon é dura de matar! Sam descobre no diário de seu pai que ela é um Cavaleiro do Inferno, uma ordem especial de demônio que cabe aos arcanjos destruir.


Mas o importante não é tanto a missão de derrotar Abbadon. O episódio se destaca pela maneira como os irmãos se relacionam com Henry. Para variar, Dean fica com a parte mais dramática, lembrando-se de como seu pai, John, o desprezava por tê-lo abandonado. (Bem a partir desse ponto fica evidente que, dentro do curso normal da história, Henry não voltará vivo a 1958.)

Dentro desse contexto, Dean expressa os sentimentos do pai. Mas Henry tenta se justificar:
Henry – “É o preço que pagamos por cumprir uma grande responsabilidade.”
Dean – “Sua responsabilidade era com sua família, não com um clube do livro metido a besta!”
Henry – “Era um legado. Não tive escolha.”
Dean – “É, fique repetindo isso até se convencer.” (Mas ele não se convence e tenta fugir de volta aos anos 50, dando uma de Martin McFly, para acudir o filho. Felizmente, contudo, Dean o convence a ficar e eles fazem as pazes.)

Já Sam ficam mais discreto, em geral fazendo as perguntas que o espectador faria, e servindo de mediador entre Henry e Dean, mas também não demonstrando muito entusiasmo por conhecer o avô. Ou seja, mais uma vez, Sam ficou, como na foto anterior, em segundo plano, infelizmente.


O episódio ainda tem lances legais de revirar sepulturas (Henry, como bom acadêmico só fica dando ordens enquanto Sam e Dean fazem o trabalho sujo), que conduz ao provavelmente único dos Homens de Letras que sobreviveu, mesmo que tenha ficado cego, aquele que deu a caixa a Henry. E descobrimos que a caixa contém a chave de todo o conhecimento sobrenatural que se poderia desejar, e que o único modo de evitar que isso caia nas mãos da mulher demônio é trancar em um lugar ao qual ninguém mais poderá ter acesso.


A propósito, na cena em que Sam visita Larry Gannen, o sobrevivente, alguém duvida que sua mulher, com essa cara, esteja possuída? Convenhamos!


No final, mais uma das reviravoltas pelas quais Supernatural é famoso. Dean finge (até para nós) que vai entregar Henry a Abbadon em troca de Sam, e Henry, ao chegar bem perto de Abbadon, dá-lhe um tiro. Que não a mata, mas a imobiliza para sempre, pois a bala tem esculpida uma armadilha para demônios, realmente um lance genial! E Dean, com um golpe certeiro, decapita a capeta, com o perdão da cacofonia.


Mas antes disso ela ainda tem a chance de ferir Henry mortalmente que morre nos braços dos netos, e agora a admiração é mútua. E, assim, os irmãos aprendem da importância da sua linhagem e sabem por que os anjos queriam tanto que John e Mary unissem suas famílias. Como Sam diz, Winchesters + Campbells é a união do cérebro com a coragem!


Lances divertidos:

Dean e os apelidos que dá:
- Henry = H.G. Wells, Marty McFly.
- Abbadon = Betty Crocker.
- Homens de Letras = Yodas.
- Hunters = Jedis.

Henry também é chegado a apelidos e definições:
- Homens de Letras = preceptores, guardiões, os que registram tudo que o homem não entende.
- Hunters = símios.
- Dean = amigo macaco macho alfa.
- Sam = ... (Na verdade Henry não chamou o Sam de nada porque mal notou o Sam. Aliás, alguém notou o Sam nessa temporada? Falando sério...)

E tivemos algumas piadas inevitáveis sobre viagem no tempo:
- Henry – “2013. Parece que os maias estavam errados.”


- Henry e a informática:
Henry - “Ha, ha. Como se pudesse caber um computador nessa sala.”

- A propósito, pena de anjo? Ha, ha, os roteiristas de Supernatural me matam! O que mais falta? Algodão das nuvens? Queijo da lua?

Lances sobrenaturais:

Que Sam e Dean lidam com o sobrenatural todo o dia todos já sabem. Mas os roteiristas também fazem das suas.


Internet mágica do Sam: em 0.3 segundos, resultados instantâneos de uma pesquisa sobre algumas obscuras vítimas de um incêndio no longínquo ano de 1958! Que Google o quê? O negócio agora é o mecanismo de busca “Search the Web”! Só não se incomodem com o fato de Sam estar pesquisando em “documentos” e não em “web”, o que indicaria que ele só abriu um documento pronto salvo pela produção.


Vidro mágico do Impala: numa cena ele é quebrado, algumas cenas depois... Lá está o vidro, inteirinho!

Questões finais, mas ainda para essa vida:

Será que Dean e Sam jogarão fora o conhecimento escondido pela Chave, ou cairão na tentação de usá-lo para combater Crowley e encontrar a outra metade da Tábua dos Demônios? Será que descobrirão mais sobre seu legado de Homens de Letras? Isso mudará o jeito como são? (O Dean não, mas talvez o Sam, quem sabe?)

Dica musical de Henry Winchester:



As Time Goes By, de Dooley Wilson (Tema do filme Casablanca)

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