7 bilhões, 60 milhões e 360 mil pessoas habitam este planeta. E é preciso apenas uma para mudar a vida de todas elas.

"Roteiro milimetricamente amarrado". Esse é o chavão perfeito para descrever o piloto de "Touch", nova série promessa de mind-blowing do canal FOX que veio para servir de padrão, literalmente, para séries que se vendem pelo roteiro.

Imagine que tudo, absolutamente tudo, cada passo, escolha, respiração, ação e reação já feita ou causada por você seja responsável pelo presente em que todos nós, meros parasitas do planeta Terra, nos encontramos. Imagine que cada acontecimento da história da humanidade esteja conectado, desde algo grandioso como a queda das Torres Gêmeas, até mesmo ao simples fato de você, leitor atento, estar lendo este texto neste exato momento. Isso era predestinado? Nossas vidas seguem um padrão indubtável que não conseguimos ver ou mudar?

O conceito, obviamente, não é novo. O tal "efeito borboleta" já foi usado em cinema e televisão em inúmeras produções. Algumas tendo sucesso. Outras nem tanto. Afinal, é complicado lidar com viagens no tempo, especialmente quando a proposta é alterá-lo em função da consequência. É o caso de "Touch" que consegue ser bem sucedida no que faz. Por enquanto.


Nesse caso, a sequência númérica de Fibonacci sintetiza perfeitamente o jogo de "toda ação tem uma reação" que vemos na série. No conceito matemático original, vemos um número originar uma espiral de novos algarismos que crescem e se distanciam daquele que a originou. Concluimos então que todos estão conetados e, portanto, apenas um é preciso para quebrar o ciclo, o padrão.

Em "Touch", o filho de Martin Bohm, Jake é o único que pode vê-lo, fazendo isto por meio de padrões numéricos e conceitos matemáticos como o de Fibonacci. Porém, Jake sofre de altismo e dificuldades de comunicação. Neste ponto é que entra Martin, (Kiefer Sutherland de 24), o pai do garoto e o único capaz de enxergar as habilidades do filho para que possa usa-las em prol de terceiros.

Dito isso, pode-se dizer que "Touch" possui um apelo internacional muito interessante, pois traz acontecimentos e personagens de diferentes partes do mundo, com histórias inicialmente isoladas, mas que se conectam por pequenos eventos e até mesmo objetos. No caso deste piloto: um aparelho celular.

Foi a partir dele que pudemos acompanhar os inúmeros dramas aqui vistos. A maior parte deles críveis, vale destacar. Especialmente o do homem que perdeu sua filha (a cena em que vemos sua imagem surgir nos telões emociona). Vimos também a história do garoto que queria um forno para sua família, o que o levou a medidas extremas (e a uma cena a la 24 horas). E da telefonista/cantora que se tornou famosa de modo viral.

Por último, meu saldo mais que positivo com o piloto parece promissor. Porém, o nome de Tim Kring nem tanto. O roteirista que chefiou o grande fracasso de nome "Heroes" é conhecido por transformar luxo em lixo. O que me deixa com um pé atrás com a série, especialmente em relação ao seu futuro.

Torço para que este não seja o caso de "Touch". Para que a série vingue e se mantenha neste nível de qualidade. Ainda mais que ela não se espanda como uma espiral de Fibonacci infinita e, que encontre a perfeição dos padrões de um girassol. Encaixando-se perfeitamente de todos os ângulos e pontos de vista.

Notas:

  • Se a série ganhar título adaptado aqui no Brasil, recomendo que seja: "Não me toque em mim!"
  • O jogo de imagens da abertura da série é belíssimo.
  • A cena final do abraço (perdoem o trocadilho) foi tocante.
  • Audiência de 12,01 milhões com 3.9 na demo. Mérito da qualidade da série ou de American Idol que foi exibida anteriormente?
  • Kiefer Sutherland sai de Jack Bauer, mas Jack Bauer não sai de Kiefer Sutherland.


Damn it!

Postar um comentário Disqus

 
Top