Dexter

Contra o sistema.

Em meio à todo o caos que é a trama de Dexter, o roteiro sempre dá aquele jeito de produzir momentos de puro alívio cômico. É satisfatório ver que depois de dois episódios recheados de tensão e dramas sombrios, Dexter decidiu nos dar um 5x03 que não apenas consegue desenvolver bem à trama da temporada, como é o episódio mais divertido da série em um bom tempo.

A sensação aqui é de que estamos na primeira temporada, vendo aquela série que focava em seu protagonista - a narração introspectiva do personagem ajuda bastante - perdendo menos tempo com coadjuvantes nada atrativos e trazendo mais doses bem-vindas de humor negro.

Dito isso, foi impossível segurar o riso nas cenas em que Dexter dilacera a garganta da atendente com uma placa de mesa, ou quando em meio a reunião ele enfia uma caneta no pescoço de Masuka, com direito a artéria esguichando sangue para todo lado. Essa é a Dexter que nos mostra o que se passa na mente do assassino, como ele se sente sob pressão e como reage quando é apenas um animal encurralado em um canto. A propósito, o mais perigoso de todos.

Era mais do que óbvio que o momento de colapso chegaria. A necessidade de matar, os impulsos, a pressão na cabeça. Em uma breve pesquisa, pude ver que a psicologia classifica o psicopata em três níveis, sendo que Dexter se encaixa no nível mais grave: "a morte com crueldade". Conforme dito, Harry o conhecia melhor do ele mesmo. Seu pai tinha conhecimento de que Dexter era incorrigível, sabia que o dark passanger não desapareceria e o canalizou com um código. E agora temos Deb, inexperiente, humana, irracional e sem qualquer compreensão dos seus métodos.

Sabíamos também que em determinado ponto, Dexter tentaria coagi-la. Com todos seus segredos sob a mesa, ele precisava ser sincero. Interessante como cada sequência de diálogo com Deb é sufocante, quase claustrofóbica, seja quando estão trocando olhares na apertada sala de reunião, ou quando saem do prédio para ter uma conversa diante de duas paredes que parecem se fechar.

O roteiro tem acertado muito por dar um tratamento verossímil a mudança de relação de Debra e Dexter. Quando ele discute a possibilidade de realizar a caçada no bar, Debra reage como deveria. Igualmente compreensivo é a conversão que Deb sofre ao longo do episódio. Ela começa moral, acreditando no sistema e em como ele consegue ser eficiente em tirar "o lixo" das ruas. No meio, questiona-se, pergunta a LaGuerta o que fazer quando se tem a chance de realizar a justiça, mesmo que por vias tortuosas. No final, se convence das falhas e de que talvez o mal de Dexter exista por um motivo, um bom motivo.

Além disso, Buck The System fechou inúmeras pontas deixadas pelos episódios anteriores. A principal delas, Louie, teve um dos desfechos mais rápidos e covardes que a série já fez. Entendam, gostei de vê-lo perder o emprego, a namorada, até mesmo a vida, porém, não nos moldes em que foi feito. Já estou acostumado a ver personagens irem e virem quando é conveniente, entretanto nunca antes o roteiro havia sido tão preguiçoso ao dar fim a um deles.

Ademais, é previsível o fato de que a morte do Louie irá implicar Dexter, uma vez que o ataque deixou respingos de sangue sob o barco. De tudo isso, seria apenas interessante que Dexter fosse incriminado por uma morte que não cometeu e ainda ser pego pela analise forense do padrão de dispersão do sangue, o que de fato é a sua especialidade. Veem a ironia?

Ao término, Buck The System nos mostra um Dexter liberto. Livre para caçar, destrinchar suas vítimas e cuidar do seu filho, porque convenhamos, ele não é da Jamie. E apesar de as coisas estarem começando a voltar ao seu devido lugar, sabemos que o discurso de Deb não poderia ser mais verdadeiro quando diz que tudo mudou.

PS.: Hannah é a nova Lumen?



 
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