The Walking Dead poucas vezes consegue fazer um episódio perfeito, sem falhas e digno dos grandes jargões da crítica americana que são utilizados em diversos vídeos promocionais da série. Mas eis que surge "Sick" para nos mostrar que é possível. Fazer um episódio irretocável e que concilie o drama a plataforma de alicerce da série, os zumbis.
Os prisioneiros mostrados na premiere da semana passada já eram promessa de bons conflitos e não deixaram à desejar. Dentre eles, temos: o que se diz vítima do sistema, o avulso, o que já desistiu de tudo inclusive da própria vida e o bad boy com aviso de "vai morrer a qualquer minuto". Todos eles sendo granadas nas mãos de Rick que tinha apenas duas opções, puxar o pavio e jogar bem longe, ou simplesmente continuar segurando-as correndo o risco de uma explosão a qualquer minuto.
Julgando tais fatos e outras situações as quais Rick já foi exposto, é além de justificável, fundamental essa evolução do personagem. Agora que encontra-se mais ágil, racional e menos moral, tem tomado atitudes e feito escolhas mais condizentes do que convenientes. Em suas palavras, isso não é mais uma democracia. E por isso, os discursos moralistas e lamentações da primeira temporada deram lugar a luta fugaz pela sobrevivência.
Isso se exemplifica em "Sick" na maneira como Rick e os outros comportam-se diante dos prisioneiros. É tudo pragmático, seco, são feitas as negociações, o plano e quando alguém deslisa, não são dadas segundas chances. Vale ressaltar ainda a atitude de Rick diante do prisioneiro que empurrou um walker para cima dele (aliás que cena desesperadora) em que o mesmo responde ao ato com um facão atravessado no centro do seu crânio.
E apesar do banho de sangue e das sequências de ação prolongadas serem os momentos ápice do episódio, este 3x02 realizou outro feito inacreditável. Todos os dramas foram convincentes e tiveram excelentes resoluções. Especialmente em relação a Hershell, o qual eu poderia jurar no episódio passado que transformaria-se em zumbi no último ato deste, entretanto o que vimos foi uma atitude corajosa do roteiro que manteve o personagem, apesar das limitações.
A cena em que Maggie diz ao pai que ele poderia partir, que não era necessário continuar lutando, foi um dos monólogos mais sinceros que a série já conduziu. A atuação de Lauren Cohan foi igualmente excepcional e mostra que The Walking Dead consegue sim, quando quer, entregar uma boa dose de carga dramática.
A única ressalva que faço diante de tantos elogios é Lori. Hershel teria ganhado todo meu respeito se tivesse virado um walker e arrancado a língua da Lori durante a sequência do chupão assassino. Como se não bastasse a displicência de permanecer viva, ela ainda reclama com Carl por ter conseguido as gases que salvaram Hershel de ter contraído uma infecção.
Não é atoa que, no desfecho do episódio, Rick sequer direciona o olhar à ela. Ele permanece distante, até que decide agradecê-la pela ajuda, o que denota uma breve reaproximação dos personagens no último ato. Entretanto, tenho esperanças de que Carol fará um bom trabalho na cesariana de Lori, cortando sua placenta, intestinos, rins e se preciso, seu coração.
Até semana que vem!