O primeiro grande erro de Person of Interest.

Se tem uma coisa em que POI nunca erra são os trailers. Qualquer trailer de qualquer episódio é sempre super empolgante, afinal, ali estão apenas segundos dos melhores momentos dos quarenta minutos totais. Assim foi com "Triggerman".

Quando vi o trailer do episódio, associei Riley Cavanaugh (Jonathan Tucker) à Reese e Annie Delaney (Liza J. Bennett) à Jessica. Nas duas relações um homem de vida muito perigosa se apaixona por uma mulher e tem que fazer de tudo para salvá-la. E, por ironia do destino, imaginei que Riley teria sucesso onde John falhou.

De certa forma, foi isso que vimos em POI. Mas, como sempre, esperei que a série contornasse os possíveis clichés do assunto e desse um final inesperado para Riley e Annie, até porque o caso da semana não teria um plot exatamente novo no contexto de Person of Interest. Contudo, não foi isto o que aconteceu.

Eu nunca critiquei um episódio antes. Na primeira temporada tivemos alguns episódios mornos quando comparados a maioria que é sempre cheio de ação, mas nenhum deles deixou de ser bom. Só que desta vez não deu. Terminei de ver "Triggerman" sem acreditar que previ cada acontecimento que viria a seguir com a maior facilidade do mundo, como se aquilo que eu estava vendo era apenas mais um filme mediano de Holywood.

Não me levem a mal, mas este 2x04 foi extremamente cliché. O discurso de Annie dizendo que não iria a lugar nenhum sem o namorado, o fato de ser ele quem realmente matou o marido dela, a consequente mentira dele sobre isso, a morte dele para "salvar" a amada e libertá-la daquele mundo perigoso... Não importa o quão fã eu seja de POI, tudo isso já foi feito várias e várias vezes antes.

O vilão George Massey (Kevin Conway) também não pareceu ter novidade alguma. Personagem daquele tipo (cara de mau, pose de mau, voz de mau) nem amedronta mais. Até porque a gente já sabe que no final eles sempre sairão perdendo, não importa o quão maldosos eles fiquem depois de perder seus filhos (que nunca são competentes como os pais).

Agora, se tem um vilão que não é nada parecido com o usual que vemos por aí é Elias. Marcando sua primeira aparição nesta segunda temporada, ele não poderia deixar de nos surpreender com aquele sorriso simpático e com sua costumeira imprevisibilidade. Quem imaginaria que em troca de um favor para Finch ele pediria uma partida de xadrez? Claro, uma partida de xadrez aqui não é simplesmente uma partida de xadrez.

Além da diversão de estar jogando com Harold, Elias vai aproveitar a situação para conhecer mais sobre seu amigo/adversário e o modo como ele pensa. Melhor do que conhecer o empregado, é conhecer o chefe que é o cérebro da operação. O tempo de "reflexão" da prisão está mesmo fazendo bem para a esperteza de Elias.

Quem também ajudou a salvar o episódio da decepção total foi Carter. Não que ela tenha feito algo de novo, mas nunca deixam de ser engraçadas as suas reações aos pedidos de John. Desta vez, ele pediu claramente para que ela atrapalhasse a investigação de Szymanski enquanto ele e Cavanaugh agachavam-se atrás de uma lixeira como meninos correndo da surra da mãe. Às vezes penso que Carter morre de vontade de puxar a orelha de Reese numa hora dessas.

Fusco por sua vez não salvou o episódio de nada. Nos minutos em que ele apareceu ele ficou na mesa do bar comprando bebida e dando de presente para um bêbado desejando "Feliz Natal, "Feliz Aniversário" e quase um "Feliz Dia dos Finados". Foi engraçado. Mas, poxa, que maldade deixar o detetive plantado daquele jeito.

Aproveitando que eu já estou reclamando de quase tudo mesmo, vou falar da atuação de Jonathan Tucker. Sei que sempre que sai um CPF e Reese encontra a pessoa, ele precisa convencer que é de confiança e que está ali para proteger. Porém com Riley tudo pareceu fácil demais. Ele não era um assassino frio e terrível? Sim, ele atirou em John para provar isso, mas mesmo assim o diálogo deles de "confia em mim porque eu também quero proteger Annie" e "ok, eu confio em você então", passou longe de ser convincente. Jonathan poderia ter dado um ar mais duro e incrédulo para seu personagem. Se todo matador sanguinário for maleável daquele jeito o mundo está perdido.

Agora vamos falar da cena final. Depois de um episódio pra lá de morno, Reese foi fazer uma visitinha amigável para o assassino que se atreveu a matar Riley e assim impediu o final feliz do casal. Não sei se aqui ainda cabe fazer esta relação, mas assim como John foi atrás de Peter, marido de Jessica, que impediu seu final feliz, ele foi atrás de Ochoa, que jurava ter saído ileso (e mais rico) da história. Pobrezinho.



Observação:

- Que interessante ver o posicionamento de Finch quanto à proteção de Riley. Nathan já teve que falar para ele: "Todo mundo é relevante para alguém.". E agora foi a ver de Reese insistir em proteger o "bad code" mesmo com a relutância do chefe. Harold termina dizendo: "O termo aplica-se às máquinas, não às pessoas. Nós temos a habilidade de mudar, evoluir.", provando que, desta vez, ele parece ter aprendido de verdade a lição.



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