O que fazer quando o maior segredo da sua vida é revelado?

Dexter é uma série unidimensional. Ela concentra toda a sua carga de histórias, tramas e dramas em apenas um personagem. E é por isso que quando algo de irreversível muda por completo a vida deste protagonista e ele é arrancado da sua zona de conforto, tudo que é conhecido como estável desmorona diante dos olhos do telespectador. Dexter Morgan está desmoronando... e eu não poderia estar mais feliz com esta mudança. 

"Are You...?" foi uma das melhores estreias de temporada da série. Soube como desenvolver cada um dos momentos de confronto entre Dexter e Debra com excelentes atuações e, acima de tudo, fomentar um senso de perigo inacreditável para corresponder as expectativas.

A cena inicial do episódio já acentua o ritmo que essa temporada deverá seguir. Eletrizante, urgente e frenética. Tudo indicava no primeiro momento uma fuga: Dexter na rodovia, abastecendo o carro apressado e embarcando em um voo. Acabamos, porém, por descobrir que aquilo não passava de apenas mais um momento de uma de suas caçadas.

Até que somos levados de volta ao momento mais desafiador da vida de um serial killer. O momento em que se é revelado. Henry ensinou Dexter a como se proteger, a seguir o código, a afastá-lo o máximo possível de qualquer risco de ser capturado, mas não o ensinou o que deveria fazer caso fosse pego. Oh, god...

Debra age como de costume. Entra em choque e tudo que consegue expressar é desconfiança acompanhada de um descontrole emocional evidente. "Pretty fucking weird" é a frase mais verdadeira do episódio. Ademais, Jennifer Carpenter esteve incrível. Mais do que isso, os atores estavam em perfeita sincronia, principalmente Michael C. Hall que conseguiu interpretar com maestria as facetas de Dexter tentando contornar a situação ao apelar para a insanidade mental e outros artifícios.

Passado o momento de estranheza, Debra finalmente pôde pensar. O plástico, a posição do corpo, as facas - o ritual. Ela vê então, pela primeira vez, alguém que não consegue reconhecer. Afinal, um Dexter que mente para equipe forense com tanta facilidade não pode ser seu heróico irmão. E nem um assassino temporal que teve um simples momento de insanidade. É um serial killer de classe e, como o própria realça, "que sabe o que está fazendo". 

Confesso que esperava que Debra fosse se acanhar e deixar Dexter sair ileso após alguns questionamentos sufocantes. Ledo engano. O que vimos foi o castelo de cartas despencar e Dexter ter o seu dark passenger exposto. Tudo isto garças a uma construção saiba do roteiro que utilizou-se dos flashbacks de Deb amarrada em plástico na mesa do ITK como artifício na busca pela verdade.

A cena em que Dexter chega ao apartamento e encontra suas lâminas exibidas, junto a mão do ITK e suas ferramentas de caça é simplesmente sensacional. Uma grande prova de que a série ainda consegue ser surpreende depois de tantos anos no ar.

Já a caçada de Dexter ao assassino do porta-malas é uma básica amostra do desleixo dos roteiristas com a série nos últimos anos. É ridículo a maneira como eles forçam situações absurdas simplesmente porque são convenientes. Aliás, me incomoda muito ver o protagonista que um dia fora tão cauteloso, ser tão descuidado da maneira que vimos neste episódio. 

A sequência do aeroporto é sim de fato eletrizante, só não consigo acreditar em um segundo dela. Tudo soa friamente inverossímil. A tentativa de Dexter de entrar em um voo com um nome falso e uma mala cheia de agulhas usando a simples desculpa de ser diabético, a maneira como carrega a vítima inconsciente pelo aeroporto em uma cadeira de rodas e, ainda mais, quando leva vítima para fora do aeroporto em um saco preto sem qualquer restrição ou passar por revistamento. Das duas uma: ou o aeroporto de Miami é o mais inseguro do mundo, ou Dexter está cada vez mais abusando da sorte.

Outro desleixo, desta vez justificável, foi a queda da lâmina de sangue de Travis Marshall encontrada por LaGuerta. Depois de muito tempo sendo uma simples avulsa, a tenente parece que será peça chave da temporada, entretanto, duvido muito que irá descobrir ou até mesmo chegar perto da verdade. 

Já Louis, o incômodo Louis, é um caso à parte. Quais as suas verdadeiras intenções? Como ele sabe tanto sobre Dexter? Ele sabe a verdade ou tudo passa de uma simples desconfiança? Por enquanto existem mais perguntas do que resposta. Mas uma coisa é fato, a sétima temporada de Dexter tem tudo para ser uma das melhores da série. Basta continuar.

Até semana que vem!



Postar um comentário Disqus

 
Top