É hora de enfrentar o inevitável: os elogios à "Breaking Bad"

A arte de encaminhar é para poucos, a arte de preparar também é, assim como é de crucial importância para uma série que está preste a culminar em um desfecho passar por este tipo de desenvolvimento. Com “Breaking Bad” é assim. A série rompeu a única linha estável dos personagens para dar seguimento a uma Season Finale gigantesca em todos os sentidos. Ao menos, é essa a minha expectativa. E as suas?

Ao examinarmos os erros de um homem, conhecemos o seu caráter. Walter errou muito, teve a chance de reverter a situação, corrigi-los, mas deixou seu egocentrismo falar mais alto. Agora é hora de confrontar ‘o inevitável’. No momento em que Walter tomou tal decisão, estava claro para nós que a partir daquele momento tudo mudaria. Afinal, este é o final dos tempos. E para Walter o cenário chega a ser apocalíptico.

O episódio anterior trouxe um dos melhores ganchos da história da série. Marcou uma mudança tão densa que o que vimos em “End Times” foi uma nova “Breaking Bad”. Ainda mais fantástica. Agora, acima de tudo, podemos contemplar o panorama da temporada e vermos as nuances que levariam a este momento.

Não há mais fidelidade dual daqui para frente. “End Times” cumpriu tal função com perfeição, dividindo Walter e Jesse para posteriormente reuni-los para o confronto final. Abrindo espaço, até mesmo, para teorias conspiratórias sobre quem envenenou o garoto com a Ricina. Para mim, está claro que foi Gus. Walter, mesmo sob uma condição psicológica destrutiva, seria incapaz de machucar uma criança. Mas é impossível não questionar a urgência do encontro com Saul e a revista de Huell.


Tendo os dois grandes atores no auge de suas performances, “Breaking Bad” mostra porque fez tanta falta no Emmy 2011. Talvez esta não seja a última vez que Jesse tenha questionado Walter. No atual momento, ambos lutam pela mesma causa: a segurança dos seus entes queridos. Aaron Paul dispensa elogios, sua atuação não pode ser posta em palavras, enquanto Bryan Cranston repete o feito do episódio anterior. Ainda vale ressaltar a genialidade de Giancarlo Esposito que consegue tornar um simples olhar em algo amedrontador.

O silêncio retorna a “Breaking Bad”. Cortante, verossímil e tenso. Entretando, a cena final não descarta as cenas geniais que a antecederam, só as complementa. Tudo correu perfeitamente conforme Vince Gilligan planejou. Walter sendo ameaçado no deserto, Jesse sendo corrompido, o retorno da dupla, o diálogo de Gus e Jesse e a premonição do dono da Los Pollos Hermanos.

Sexto sentido, leitor de mentes, detector de mentiras, super audição, super visão, aprova de balas e manipulação temporal. Estas são algumas das muitas habilidades de Gus. Pois o parecer deste final é que estamos lidando com um alpha, um hero e um mutante (caminhos do coração) ao mesmo tempo. Brincadeiras a parte, o Fring parece inextricável e de uma perspicácia absurda. Como ele conseguiu perceber através do diálogo com Jesse – “Ele não está doente. Ele foi envenenado” – que estava diante de uma mudança de planos? Inacreditável.

A quebra da tensão dos últimos 2 segundos possivelmente desagradou a alguns, mas digo de cara que a sequência final só reforça o fato de que Walter e cia terão de lidar daqui para frente com algo absurdamente obstante as suas forças. É Davi vs. Golias. Em “End Times” o plano falho pareceu pesar sobre sua cabeça e de todos nós fãs que aclamamos esta 4ª temporada que deverá ter um final complacente. Walter nunca pareceu tão perdido, condizendo com o slogan da temporada anunciado meses atrás que dizia que este seria o ano mais ‘volátil’ de “Breaking Bad”. Verdade?

Postar um comentário Disqus

 
Top