"Ele deve ser real. E se ele for real, nós temos que encontrá-lo!"

O que surpreende em “Fringe” é que a série prima por, não só manter a qualidade, como elevá-la. “Alone In The World" cumpre tal função perfeitamente. Com ritmo, roteiro, referências e atuações incríveis (logo destaco John Noble). Coeso dizer que este foi o melhor episódio da temporada. Até agora. Pois a série volta a explorar por meio de metáforas a simplicidade com que uma relação humana pode mudar vidas. Questionando: até onde você estaria disposto a ir para salvar aqueles que ama? Estaria disposto a ultrapassar limites por eles? Walter ultrapassou.

Sabemos que a decisão de Walter em atravessar o universo custou vidas, colocou em risco a humanidade em função do filho. Em “Alone In The World” Walter pode, inevitavelmente, reviver tal experiência tendo o sucesso que não obteve em 1985, quando Peter afogava-se no lago, segundo a nova linha temporal. Tal fato deixa claro que a frase do final da 3ª temporada pode ter sido subjugada. Peter não chegou a nunca existir. O garoto, somente, “não cresceu para ser um homem” como disse o Observador no episódio 4x01 “Neither Here Nor There”. September nunca salvou Peter e por isso, foi completamente apagado.

As respostas podem parecer vagas. Porém, cabe a todos nós elogiar o fator que fez “Alone In The World” ser primoroso: John Noble que destruiu o coração dos fãs com a dor de seu personagem e a marca indelével que Peter deixou na sua alma. Noble é brilhante. Incapaz de passar um episódio sem causar um arrepio sequer no público com seus olhos lacrimosos. Temendo que sua doença tenha retornado, Walter conseguiu me emocionar.


O mais interessante é que o caso teve papel crucial para a trama central da temporada se relacionarmos o pequeno Peter com Aaron. A relação que Walter fundou com o garoto assemelha-se a que havia com o filho. O próprio confunde seu nome por diversas vezes e coloca-se no mesmo impasse entre arriscar a vida de outros em prol da criança. Walter mais uma vez prova que pavimentaria o caminho destrutivo dos últimos anos, novamente, somente por Peter.

O fungo Gus tratou de mais um caso curioso que logo nos remete a referências de episódios anteriores. É possível ver aqui nuances do 2x13 “What Lies Below” onde Peter e Olivia ficam presos em um prédio em quarentena e Walter, em segundo plano, toma decisões de vida ou morte na procura por uma cura. A mesma fórmula repete-se aqui, no entanto, é Aaron que encontra-se em risco por estar diretamente ligado ao fungo e assim, a corrida contra o tempo começa.

Neste meio, o relacionamento de Lincolm e Olivia dá sinais de que os roteiristas querem criar uma simpatia do público para com a possibilidade de um casal ali. O que de fato, estão conseguindo. A química dos agentes tem funcionado e o roteiro anexo aos diálogos ajudam. Porém, a relação de Olivia e Walter encontra-se anos luz a frente, afinal, juntos fizeram a melhor sequência do episódio. A dor de Walter passa a ser nossa quando este confessa o que vê nas suas ilusões. Sua tentativa torta de tentar concertar a própria mente traz uma carga emocional incrível, assim como quando diz ‘ter perdido a lucidez’ temendo retornar ao hospício.


Ainda em tempo, eu não poderia deixar de relacionar o desenho feito por Olivia de Peter neste episódio, com o desenho feito pela mesma do Homem X no episódio 3x19 “Lysergic Acid Diethylamide”. Na temporada passada, Olivia desenhou o homem que a mataria após um sonho, porém, assim como Peter nesta temporada, ela não se recorda de onde o conheceu. Talvez, justifique-se pelo fato de que o Homem X possa ser de outra linha temporal que não a azul/vermelha, assim como Peter não faz parte da amarela, onde o Homem X poderia estar. Parece haver mais semelhanças do que podemos entender, por enquanto, mas acredito que tenha uma forte ligação dada tal referência. Lembrando que o Homem X ainda pediu a Peter no 3x19 que especificamente dissesse seu nome, com motivo aparentemente inexistente. Detalhe esse que pode estar perto de ter coerência.

“Traços de Peter continuam a vazar” e com isso Olivia e Walter tomaram a decisão de que devem encontrá-lo neste episódio excepcional da 4ª temporada de “Fringe” que vem em uma crescente incrível. Nos vemos na semana que vem!

Easter Eggs

Por mais singular que pareça, o episódio trouxe outra possível referência ao episódio “Lysergic Acid Diethylamide”. Notem a blusa cinza usada por Olivia no episódio, a mesma da cena final do 3x19 onde diz à Peter “Este é o homem que vai me matar.”


A dica do episódio anterior pode ser relacionada com os livros vistos em “One Night In October” onde vemos títulos como “Killer Mindscapes” que nos remete ao fungo que ligava-se a mentalmente ao garoto. Certamente uma pista que deixamos passar despercebida. Além do mais, o autor do livro chama-se S Pores, se juntarmos temos ‘spores’ que no português significa esporos. Para quem conhece um pouco sobre biologia, são unidades de reprodução das plantas, incluindo algas como os fungos vistos neste episódio.


Se formos ainda mais longe veremos o nome do Dr. Gus no livro de baixo, o mesmo nome dado por Walter ao agrupamento neural do Fungo.


Um easter egg curioso mas talvez, sem nenhuma ligação com a série, é a anotação no caderno de Aaron, onde encontra-se escrito: "Eu imagino que se eu desejasse, meu aniversário seria exatamente como eu sonhei que fosse." Talvez signifique algo mais a frente. Talvez não, mas fica a título de curiosidade.


O observador esteve no lado de fora da universidade de Harvard, como podemos ver na imagem a seguir, provavelmente presenciando os momentos em que Walter vê Peter acompanhando os vasos na linha temporal.


Para finalizar, um Glyphs Code que pode apresentar diversos significados, mas nenhum diretamente relacionado ao episódio, até mesmo a temporada. A palavra é "REBORN" que no português fica "RENASCER". Seria essa uma pista para o próximo episódio? Estaria relacionado a Peter? Confira:


Sabemos que "Fringe" inspira-se em casos estranhos que muitas vezes podem estar relacionados a algo que realmente aconteceu. Como exemplo do fungo Gus, que assemelha-se ao estranho fenômeno visto no vídeo a seguir. Fica então, a título de curiosidade:

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