“Fringe” progride expondo dúvidas, perguntas e sendo debatida em fóruns como nenhuma outra série da atualidade. A 4ª temporada atingiu um nível de excelência extraordinário e que continua a surpreender de diversos ângulos. O primeiro e maior mérito, é a maneira como a trama, de maneira incisiva, explora os mistérios associados aos casos semanais, sem deixar de lado o relacionamento humano que define o que sentimos hoje por esta série magnífica.
Nesta semana, a série direciona-se novamente ao passado, mesmo sem o recurso dos flashbacks, expondo nas entrelinhas como as ações do que ocorreu anos atrás afetaram à todos no presente. “Subject 9” retorna a pauta sobre os pacientes tratados com Cortexiphan, nunca deixando em segundo plano os dramas humanos, principalmente de Walter, ainda culpado por realizar experimentos em crianças sem medir as consequências.
Somos então introduzidos à Cameron, subject 9, cuja habilidade de projeção astral nos remete diretamente à energia de Peter, no início do episódio, projetando-se entre a barreira do tempo na tentativa de contatar Olivia. Com um intervalo de segundos, Peter aparece às 6:00 da manhã, horário este citado com o preferido de Olivia “quando o sol nasce e o mundo está cheio de promessas”, parafraseando a mesma. Porém, tudo eclode nos minutos finais quando a energia forma a silhueta do homem cujo destino dos mundos esteve nas mãos, quando Olivia deixa a intuição que define os loucos tomar frente à razão.
É preciso salientar que, em meio à tantos elementos, tramas complexas e mistérios, Fringe ainda nos ganha pela emoção e na maneira como lida com o drama humano. Criando laços que talvez não fossem possíveis de serem formados em uma realidade em que Peter Bishop existisse, Olivia e Walter foram tratados com a atenção devida de seus roteiristas.
Dessa maneira, a dinâmica traz foco nos problemas mentais de Walter caminhando para a resolução em que Olivia indicasse a não internação no Saint Claire’s, ao mesmo tempo em que reforça a relação paterna (por que, não?) entre os dois. A preocupação de Olivia para com Walter no Hotel, o segurar de mãos, o saborear dos milk shake’s e as ações movidas pela intuição foram cenas perfeitamente externadas pelo trabalho de John Noble e até mesmo Anna Torv que mesmo inferior em termos de atuação, demonstrou um amadurecimento enorme como atriz desde a 1ª temporada.
Com um retorno simbólico, Peter emerge das águas do lado Reiden, onde anos atrás havia morrido afogado pela falta de socorro daquele cuja única função seria a de observar. A realidade, aliás, continua a mesma. Não houve qualquer mudança palpável. A inconsciência de Olivia expõe perfeitamente que aquele homem é desconhecido à todos na realidade laranja, onde a trama principal deverá continuar focando na relação dos personagens.
Tenho absoluta certeza que o reencontro entre Peter e Walter será de destruir muitos corações de pedra, mas acredito que este não será para agora. Apesar de se verem fisicamente, mentalmente o nosso Walter não o reconhecerá, portanto, o relembrar dos personagens deverá ser em muito aguardado.
Easter Eggs:
Como de costume, elementos em referência a episódios anteriores repetem-se neste “Subject 9”, havendo mais referências ao episódio “Bloodline” do que possamos imaginar. Notem que o apartamento de Mark (4x04) é localizado exatamente em frente ao apartamento de BOlivia (3x18). É possível notar a fachada do apartamento do lado B ao vermos do ângulo oposto a visão de Olivia quando sai do carro com Walter, confira:
A fachada do prédio de Mark também pode ser vista em “Bloodline” conforme a primeira imagem. Na segunda vemos o mesmo prédio em “Subject 9”:
A brincadeira entre os cenários continua: vale ressaltar o quadro no apartamento de Cameron exibindo a mesma ponte do episódio 2x19 “The Man from the Other Side”, mesmo quadro que pode ser visto em “Bloodline” no escritório de Broyles. Confira:
Recordam da banda preferida do Walter, a Violet Sedan Chair? Pois é. A inexistência de Peter parece não ter erradicado o gosto de Walter pela música como podemos ver na imagem a seguir. Um pôster da banda na parede do laboratório:
As cores desde sempre apresentaram um simbolismo significativo em “Fringe”, portanto, nada mais justo analisarmos cada detalhe que os roteiristas deixam para nós no decorrer dos episódios. Em “Subject 9” podemos ver dois quadros da Estátua da liberdade, o primeiro em verde e o segundo em amarelo. A imagem pode ser vista na cena em que Olivia e Walter são surpreendidos pela energia de Peter no restaurante. Tal easter egg pode nos levar a seguinte conclusão: se a união do azul com o amarelo é verde e, a união do vermelho com o amarelo é laranja, então podemos dizer que o amarelo simboliza ‘a ponte’ que modificou (se assim podemos dizer) as cores/realidades dos universos.
O glyphs code da semana novamente trata de recomeço, soletra-se “RESET” que significa resetar, reiniciar ou recomeçar. Logo imagino que tenha ligação com o retorno de Peter, como se o observador tivesse retornado ao tempo, apertado o botão de RESET ao salvar Peter, porém dúvidas começam a surgir devido ao esquecimento de Olivia que não o reconheceu no hospital. As realidades estão bagunçadas, portanto, seria esta uma dica do que deverá acontecer em um futuro próximo em Fringe? O reset dos universos?
A pista para o episódio desta semana novamente esteve guardada em livros, como podemos ver no laboratório de Walter o título do livro "Astral Projection..." no episódio 4x03 "Alone in the World". Está clara a referência à Cameron que detinha a habilidade com base no cortexiphan de projeção astral.
Curioso que Walter faça menção à Matrix neste episódio que posteriormente apresentou cenas que assemelham-se em muito pelo acordar dos seus personagens, o acordar para o mundo real, vejam:
Caso tenha passado despercebido, um screencap do observador : P
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