Como não pude ver isso antes?
Abertura amarela/laranja, observadores (quem?), Olivia adotada por Nina, Peter morto ainda pequeno, metamorfos inteiramente humanos. Não foi de maneira sutil, apesar de sucinta que os produtores trouxeram o Universo Amarelo. Sim, o universo amarelo. Ele esteve lá, desde a Season Premiere, mas como bem dizem “o pior cego é aquele que não quer enxergar”. Em suma, não podemos definir a atual realidade como o lado B, por que, afinal, este apresenta mudanças incisivas sobre nós telespectadores para que não reste dúvidas: estamos diante de um novo universo. Incorporados de saltos temporais que, na minha opinião, serão a grande justificativa para tudo isso.
É preciso deixar absolutamente claro que no atual momento, esta não é a Olivia, o Walter, a Astrid, o Broyles, o Lincoln e a Nina do universo azul que conhecemos ao longo de 3 anos. Somente Peter Bishop parece o mesmo, mas inserido na realidade incorreta. Está claro que a Maquina criou um terceiro universo e até mesmo um quarto a julgar que as mesmas mudanças ocorreram no lado B. Mas então, por que não vimos isto antes?
Uma coisa é fato, o tempo é efêmero. Em Fringe provou ser muito mais do que isto. Uma peça chave para resolução do grande mistério da temporada. Me envolvi tanto com o episódio que quando dei por mim estava em um desses saltos temporais e o episódio já havia chegado ao fim. Completo, sólido, tudo o que um fã poderia querer. “And Those E’ve Left Behind” foi sim o melhor desta seqüência de 6 episódios e assim como Peter, saltar no tempo pode ser infinitamente irritante.
Irritante, pois mal podemos aproveitar um episódio digno de cinco estrelas, porém as melhores experiências são àquelas que fazem valer cada segundo. Assim é Fringe, série, temporadas e episódios que voam.
Minha teoria: Peter foi transportado do lado A (universo azul) para o lado C (universo amarelo). Explico: Voltemos ao exato momento em que sua imagem fica trêmula e que ele desaparece em “The Day We Died”, acredito que ali fomos transportados para o universo amarelo e nele Peter morreu quando era apenas uma criança (“Eles nunca poderão saber que o garoto cresceu para se tornar um homem”) logo todos na sala não lembravam que um dia ele havia existido. Então o menino que um dia fora crucial para o balanceamento da vida entre dois mundos, que ainda se encontrava sobre o lado A, é transportado para o lado C. Mas, vocês me perguntam: como e por que ele foi transportado somente semanas após a criação do universo amarelo, da ponte e após ter salvado o universo azul e vermelho com a Maquina do Apocalípse? Simples: um salto temporal.
A grade incógnita do episódio é Peter, personagem que se tornou o cerne do grande plano que é Fringe. Ele é a variável que não se encaixa em tantas constantes, a peça do quebra cabeça encaixada a força por uma semelhança remota de formato, mas que no fundo sabe-se que ali não é o seu lugar. Segundo Olivia, “Peter é o problema”. Para muitos que achavam que o sonho que abre este 4x06 era um simples teaser, adicionado apenas para instigar, acredito que isto vai além de um simples sonho. É a resposta esfregada na nossa cara que insistimos em ignorar. Estamos diante de uma mudança de universos.
Sabe no que acredito? Que voltaremos ao momento categórico em que Peter desaparece, revisitaremos o universo azul e quando isto acontecer, será incrível. Não sei se vocês entendem o meu ponto de vista, mas acredito que tudo esta se encaixando perfeitamente nos seus respectivos lugares e é impossível impedir que as teorias flutuem em formato de espiral. Se expandindo ao ponto infinito.
Easter eggs:
Interessante como os roteiristas sempre procuram rebuscar tramas, personagens, elementos e até mesmo objetos para nos fazer lembrar que esta não é uma série comum. Fringe é soberba nos detalhes, todo mundo sabe disto e esse easter egg somente comprova o que já é fato. Sobre o dispositivo, claramente o conhecemos como uma tecnologia do lado B para detectar fraturas entre os universos. Com o trabalho fundido das Divisões Fringes de ambos os lados, as tecnologias também estão sendo compartilhadas. Vejam:
Números me intrigam, talvez por que na série, muitas vezes eles falaram mais do que palavras. Tendo significado ou não, me vi preso a dois números de casas que surgiram neste episódio. O primeiro: 5425 que somado ao segundo (5376) resulta em 10801 (pasmem, é o mesmo número de trás para frente) e subtraídos resultam em 49. São números que talvez façam sentido um dia, talvez não. Mas que fique claro que não deixei passar em branco:
Um dos símbolos da equação de Raymond me lembrou em muito o símbolo de Newton, personagem recorrente da primeira temporada da série. Talvez seja um simples ômega encaixado fora de contexto em uma das equações do físico. Mas vale a pena comparar. Afinal, nem todo easter egg tem real importância ou revela algo da trama. Confira:
E a bolha que tanto causou polêmica durante a divulgação das fotos promocionais da 4ª temporada? Faz completo sentido agora com o novo elemento da série: as bolhas temporais. O formato curiosamente também pode ser visto no episódio "One Night In October" e culmina neste "And Those We've Left Behind". Confira:
Logo no easter egg com o número das casas logo acima, torci muito para que os números subtraídos dessem 47 e não 49. Talvez tenha sido melhor que não, pois provavelmente minha cabeça explodiria de perplexidade. Para quem não sabe, o 47 é um número estranhamente comum na série. Citei uma série de exemplos na review anterior como o número de passageiros do avião no "Pilot", o andar do prédio no episódio "Ability", assim como o número de luzes da bomba no mesmo. Estes são só alguns exemplos de uma longa lista de aparecimentos do 47, pois nesta semana o número só aumenta. Adivinha quanto tempo o cronômetro marcou quando Raymond projetou a casa em outra linha temporal? 47:00. Confiram:
Mais um easter egg típico de episódios casuais da série. O velho jogo de objetos vermelhos e azuis. Se isto não foi proposital, fica a título de curiosidade a maneira como Broyles se dispõe no meio dos objetos de cores distintas. Agora, vos pergunto: ainda é tarde para levantar a hipótese de que ele é um observador? : P
Se William Bell está vivo na linha temporal laranja/amarela, não temos certeza. Mas que os produtores tem implantado easter eggs para nos dar suspeitas, isso eles tem feito perfeitamente. Assim como em "Neither Here Nor There", neste 4x06 podemos ver um Bell, ou Sino - no português - que nos lembra em muito o imã de almas usado por Bell para tomar posse do corpo de Olivia. Além do fato de que o sobrenome do personagem está claramente relacionado. Confira:
Um dos glyphs codes aparece aleatoriamente no quarto que ficou intacto dentro do cenário incendiado, logo no início do episódio. A típica borboleta azul. Confira:
O observador encontrava-se na primeira crime scene do episódio, como de praxe. Portanto, particularmente, achei fácil de achar. Lá estava ele, na Vila Central de Boston. Confira:
O Glyphs Code da semana soletra “LIVING”, que no português ficaria vivendo. Logo, meu primeiro pensamento voltou-se ao código do episódio “Novation” que soletrou na semana passada “STILL”. Juntos ficariam: “STILL LIVING” ou AINDA VIVO/VIVENDO. Está clara a conexão com o caso e ao bilhete que Kate deixa à Raymond. Mas isto poderia significar algo além? Há quem diga que esta seria uma pista crucial que anunciaria que William Bell ainda estaria vivo na realidade laranja/amarela. O que vocês acham?
Notem o avião que Peter segura no final do episódio. Perceberam a semelhança? Este é o mesmo avião que o pequeno Peter brincava quando era criança ("Peter" e "Subject 13"), não é atoa que tanta gente tenha estranhado à TV de led/lcd/plasma na sala de estar da casa dos Bishops. Sendo que ninguém mora lá há anos.
Quando digo que Fringe é brilhante, tem gente que ainda duvida? A série pegou um dos conceitos matemáticos mais simples, a Espiral de Fibonacci, para criar uma das imagens promocionais da série antes mesmo de estrear sua primeira temporada. Quase 4 anos depois, o conceito é aplicado em um episódio de maneira hábil, sutil e completamente coesa. Vejam:
“This isn't living, Raymond. Living is what's beyond this room, beyond this house, out there in the world where you're supposed to be”.
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Obs: O número de comentários nos post tem caído exponencialmente desde o episódio "Alone in the World". Não sei quanto à vocês, porém, mais do que nunca, quero compartilhar teorias e ler teorias também. Quero discussões. Vamos fazer dos espaços de comentário das reviews de Fringe um verdadeiro fórum da série. Tem uma teoria? Conta. Tem uma dúvida? Questiona. Descobriu um easter egg legal? Compartilha. Só assim nós frigemaníacos poderemos socializar o conhecimento que cada de um de nós tem guardado na cabeça sobre a série. Sozinhos, nossos miolos irão pelos ares. Portanto, comente. Esse é o nosso salário e motivo de eterno agradecimento.
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