Uma mudança completa de visão.

Há muito tempo um episódio de Dexter não mudava minha perspectiva por completo da série. Já estava esperançoso e crédulo de que a temporada seria realmente boa. Agora, só consigo pensar, depois desse episódio eufórico (pragmaticamente em seu desfecho), o tanto quero acompanhar a segunda metade da temporada.

Antes de falar do episódio, gostaria de fazer uma pequena releitura da série.

Desde o “Pilot” até aqui, o que vimos foram batalhas. Não somente de assassinos para assassinos, mas batalhas que compõem uma guerra eterna à procura da humanidade. Desde então, Dexter tentou de todas as maneiras se safar do Passageiro Sombrio. Porém, este nunca dormiu no ponto (se me permitem o trocadilho). Tentou tratá-lo como um vício, benção e até mesmo como possível dádiva de um Deus tortuoso, até se deparar com a possibilidade de uma cura pela fé.

Então, Brother Sam apareceu, encaixando-se no perfil de vilão da temporada, mas de antagonista foi à coadjuvante para no final morrer com um grande propósito: levar Dexter a uma batalha interna de proporções inimagináveis. Dizem que o perdão é a chave para a liberdade. Em “Just Let Go” nosso herói é tentado a libertar-se. Parecia simples, mas sem garantias de que uma intervenção divina ou um simples conselho de alguém que, convenhamos, Dexter tinha grande afeição, poderia mudar algo.

Não mudou. A premissa do personagem não permite que este se descaracterize. Eu, particularmente, não esperava vê-lo perdoar o assassino de Sam, mas não pude deixar de ficar intrigado com a possibilidade, mesmo que ínfima, assim como o questionamento. Aliás, nada mais ambíguo que um serial killer querendo ouvir o perdão de outro.

Agora, se Dexter é incapaz de perdoar, nada fica mais claro neste episódio. Ainda mais claro que os métodos de Masuka para trabalhar com digitais. Manipulando pó em um trabalho tão meticuloso quanto deixar um mamilo rijo (ri alto). Deb, por sua vez, tem sido (logo atrás de Dexter), a personagem mais bem trabalhada da temporada. Não é possível não torcer para vê-la dominar a Miami Metro como uma das melhores tenentes que os departamentos policiais já viram. Mas para isto, é necessário que Quinn (Sobrenome: FDP) se afaste e que a Lune Tenent não deixe o quesito pressão (Sobrenome: Laguerta) derruir sua carreira.

Para consumar a teoria discutida há algumas reviews de que o Professor Gellar já morreu e acompanha Travis como faz Harry, temos duas grandes dicas em “Just Let Go”. A primeira se faz durante a visita de Travis a sua irmã durante o período de aulas. Neste momento do episódio, Travis é elogiado como grande artista plástico. Por sua vez, Gellar pinta os quadros que beiram a perfeição. Não é difícil ligar os pontos e imaginar que quem verdadeiramente faz isto, é Travis. Em outro momento um pouco menos a fundo, Gellar não interage com ninguém durante a ida ao mercado de Travis logo no início do episódio. Ele diz à ele: pague-a. Faz tudo por intermédio do jovem e além de ser dado por todo o mundo como desaparecido, nunca esteve em contato com ninguém, mesmo freqüentando ambiente públicos. Para mim a teoria já está firmada. Ou os roteiristas só estão brincando conosco.

Tudo o que tem sido especulado toma ainda mais força com a presença e retorno do Ice Truck Killer. Confesso que senti um calafrio com as palminhas e o “Olá, irmão” no final do episódio. Mas também não faço idéia de como o retorno de Brian irá ser trabalhado e como será feita a dinâmica com Dexter. Ele será o novo Harry? Recorrente ou fixo? Só sei que me surpreendi por a série não se desprender de um personagem que agregou tanto à Dexter no passado e que retorna na promessa de grandes conflitos internos.

Fico ainda com um último pensamento. De que Dexter, fora do seu método convencional de matar, perfeccionista, meticuloso, hábil e mais importante, limpo, é acompanhado de problemas. Quando não segue o seu metódico ritual de preparação com todas as inúmeras cautelas e age por impulso, sofre alguma conseqüência depois. Assim vejo a morte do assassino de Sam. Mas é aquela história, quanto pior, melhor. Afinal, nada melhor que a tensão da possibilidade de ser descoberto. Ou será que Dexter sairá impune?

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